Praça central de Turquel
José Diogo Ribeiro

José Diogo Ribeiro

Professor e Historiador Turquelense

José Diogo Ribeiro

Contributos Biobibliográficos I

André Camponês
Antropólogo

Nasceu em Turquel a 23 de maio de 1850. Filho de Diogo José Ribeiro (n. 15-04-1820 e f. 28-10-1893) e Maria de Jesus Pereira (f. 7-12-1896), e irmão de Gracinda Ribeiro (n.24-11-1852 e f. 07-01-1939) e Rachel do Nascimento Ribeiro (n. 25-12-1862 e f. 04-11-1941). 

Casou com Teresa de Jesus Fernandes (n. 10-08-1847 e f. 24-07-1929), do Vimeiro, e veio a ser pai de Cláudio José Ribeiro (n. 31-05-1878). José Diogo Ribeiro foi um ilustre professor primário e um notável investigador da história da sua terra natal. 

Publicou diversos estudos de índole histórica, pedagógica, folclórica, etnográfica e arqueológica, dos quais se destacam Memórias de Turquel (Ribeiro, 1908; 1930; 1941), e Turquel Folclórico, obra editada em 7 volumes pela coleção Silva Vieira (Ribeiro, 1927; 1928; 1930; 1931; 1934; 1935; 1936). No que concerne aos dados biobibliográficos do autor, encontramos algumas referências na Exposição Bibliográfica do Distrito de Leiria (Vieira, 1940), no Dicionário dos autores do Distrito de Leiria (Sousa et al, 2004), e no estudo publicado pela revista Conimbriga, “A Freguesia de Turquel (Alcobaça): Alguns dados Arqueológicos” (Bettencourt, 1988). Ainda assim, Factos e Figuras de Alcobaça de Bernardo Villa Nova, afigura-se-nos como o mais completo e esclarecido contributo à vida e obra do eminente alcobacense: “José Diogo Ribeiro muito pouco aparecia no seu próprio concelho. Era raro sair de Turquel, dedicando-se ali, com proveito para quem o lê, aos seus estudos prediletos. O seu trato era dócil e tão modesto que chegava a ser acanhado. Foi um crente coerente e, por isso, também neste particular, respeitável e respeitado.” (Villa Nova, 2002, p.37). 

Na qualidade de introdutor do método de ensino João de Deus, em Alcobaça, escreveu algumas obras pedagógicas que utilizou como ferramentas de ensino. Os seus, Rudimentos da Leitura (1903), tinham como objetivo facilitar a aprendizagem das crianças, ou como afirma «acompanhar constantemente o discípulo para o ajudar a transportar as escabrosidades que a cada momento lhe tolhem o passo». (Ribeiro, 1903, p.2), princípios que o levaram a escrever, A Taboada. Exercícios e Problemas para o estudo prático da aritmética elementar e do systema métrico (Ribeiro, 1905). Como fiel defensor da instrução popular publicou, ainda, O Código da Civilidade (Ribeiro, 1923). No jornal Educação Nacional, dizia-se a seu respeito, ser «um escritor feito, conhecedor dos mistérios da arte de escrever, vernáculo e elegante, apesar de sóbrio e poético». 

No Vimeiro, onde lecionou mais de duas décadas, contribuiu para diversos melhoramentos na freguesia. Em 1887, foi responsável pelo estabelecimento de uma caixa postal com serviço diário de expedição e receção de correspondências e, um ano mais tarde, ajudou na exploração de duas nascentes que abasteciam o depósito ou mãe de água, principal recurso da população local. Enquanto católico devoto, cooperou na elaboração dos estatutos do Compromisso da Confraria de Nossa Senhora do Rosário do Vimeiro (1898), sendo secretário da sua Mesa Administrativa. Fez parte, de igual forma, da Comissão de Beneficência Escolar da Freguesia em 1906. 

Defensor do património histórico e cultural de Turquel, teve papel preponderante na recuperação do Pelourinho, que fora dali retirado para o Museu do Carmo de Lisboa, em 1874. Pertenceu, ainda, à comissão que tinha como intuito organizar uma sociedade filarmónica em Turquel, recebendo a 20 de agosto de 1914 a instrumental que pertencia à Real Fanfarra Alcobacense.

Na realidade, é muito e de alto valor aquilo que Turquel ficou a dever a José Diogo Ribeiro. Nisto se incluem os benefícios que, dentro da sua esfera de influências, procurou arranjar-lhe; e o que, no seu campo de competências, fez, em prol do estudo e da divulgação da história, das lendas, das tradições, dos usos e dos costumes de Turquel.

 

Bibliografia Bettencourt, Ana M. S. (1988). “A Freguesia de Turquel (Alcobaça): alguns dados arqueológicos”, Conimbriga XXVII, p. 153- 188. Ribeiro, José Diogo. (1903). Rudimentos da Leitura, Typografia Universal, Porto. Sousa, Acácio, Vinagre, Anabela, Nobre, Cristina. (2004). Dicionário dos Autores do Distrito de Leiria: Actualização ao séc. XX (com fac.simile da edição de 1979), Magno Edições. Villa Nova, Bernardo. (2002) Figuras de Alcobaça e sua região, Rebate.


próximo artigo: José Diogo Ribeiro e a Instrução Popular

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2 respostas

  1. Gracinda da Conceição Ribeiro era minha bisavó materna.O pai Diogo José Ribeiro nasceu a 15/4/1820 no Largo da Graça e foi baptizado a 21/5/1820,na Igreja de Santa Marinha,Lisboa.Viveu em Turquel desde tenra idade .Aqui veio a falecer a 28/10/1893.Diogo José Ribeiro era filho de D.Marianna Xavier de Castro Sá Carneiro que nasceu a 3/9/1787,no lugar de Carcavelos.Casou com o Capitão Manuel José Ribeiro,natural de São Braz,Chamusca.D.Marianna veio viver cerca de 1825 com a família,por razões políticas seu marido,para a vila de Turquel onde faleceram.Ele faleceu a 22/12/1843 e ela a 18/2/1879.Estão sepultados no Adro da Igreja de Turquel.Tenho a árvore genealógica da Família.Se quiserem saber mais terei muito gosto em partilhar.

    1. Muito obrigado pelo seu comentário. À semelhança de muitas outras figuras de turquelenses que se destacaram pela sua vida e obra, José Diogo Ribeiro pela sua visão e pioneirismo ocupa um lugar impar na nossa história e no nosso património imaterial coletivo. Temos em curso uma iniciativa que deverá recuperar do esquecimento alguns aspetos da sua vida e dar a conhecer às novas gerações a obra escrita que nos deixou. Quando oportuno entraremos em contacto seguramente. Bem haja! Saudações turquelenses.

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